15 de abr. de 2020

O fim da arte

O fim da arte – por Roger Kimball


Quase todo mundo tem – ou diz ter – interesse pela arte. Afinal, a arte enobrece o espírito, eleva a mente e educa as emoções. Será mesmo? Na realidade, há uma tremenda ironia no modo como a nossa cultura investe – emocional, financeira e socialmente – na arte. Agimos como se fosse algo especial, importante, algo revigorante para o espírito; mas, quando examinamos a lista dos artistas célebres hoje, o que em geral encontramos está muito longe do espírito e com certeza é muito pouco revigorante.
É uma situação curiosa. Tradicionalmente, a meta das belas-artes consistia em produzir objetos belos. E a idéia de beleza vinha carregada de uma pesada bagagem metafísica platônica e cristã, que em alguns pontos era indiferente ou mesmo hostil à arte. Mas a arte sem beleza era considerada, se não uma verdadeira contradição em termos, ao menos uma arte frustrada.Hoje, se por um lado muitos setores da arte mundial eliminaram o tradicional elo entre arte e beleza, por outro nada fizeram para descartar as prerrogativas sociais da arte. Com efeito, padecemos de um tipo peculiar de anestesia moral – como se o fato de algo ser arte tornasse automaticamente dispensável qualquer juízo moral. A lista de atrocidades é longa, bem conhecida e bastante ridícula. No final das contas, porém, o efeito disso tudo não foi nem um pouco divertido; foi um desastre cultural. Ao universalizar o espírito de contestação, o projeto das vanguardas transformou a prática da arte em um empreendimento puramente negativo, em que a arte ou é oposição, ou não é nada. E a celebridade substituiu as realizações estéticas como meta da arte.Semelhante situação deixa-nos tentados a concordar com Lev Tolstói. Em uma famosa passagem do O que é arte?, Tolstói escreveu que “a arte foi tão pervertida na nossa sociedade que não apenas a arte ruim passou a ser considerada boa, mas se perdeu a própria percepção do que a arte realmente é”.E isso foi na década de 1890. Imaginem só Tolstói passeando pelas galerias de arte de Chelsea, de Nova York, ou pela Tate Modern, de Londres. Suspeito que não julgaria Andy Warhol um grande artista, mas admiraria a sua sinceridade e agudeza – porque, como Warhol observou em 1987, “arte é aquilo que você consegue fazer passar por arte”.Hoje em dia, o mundo da arte dá muito valor à novidade. Mas aí mesmo é que está a ironia: quase tudo o que se defende como “inovador” é essencialmente uma cansativa repetição de atitudes inauguradas por gente como Marcel Duchamp, criador do primeiro engradado-de-garrafas-obra-prima e da primeira fonte-urinol.*É claro que nem tudo são más notícias no mundo da arte. Há hoje uma produção abundante de arte vigorosa e tecnicamente perfeita, só que raramente se encontra anunciada nas galerias de arte de Chelsea, festejada no New York Timesou exposta nos meios artísticos mais em voga. A arte séria dos dias de hoje tende a ser discreta e a ficar de lado, longe dos refletores.Mas isso dificilmente teria bastado para alegrar Tolstói. De fato, apesar de ser fácil concordarmos com a sua afirmação de que a arte foi “pervertida”, conviria hesitarmos diante daquilo que ele considerava “realmente arte”. Tolstói era extremamente rígido quanto aos sentimentos que julgava aptos a serem transmitidos pela arte. A seu ver, as “elites” da sua própria sociedade, “por causa da descrença”, tinham favorecido uma arte “reduzida à transmissão dos sentimentos de vaidade, de tédio perante a vida e, principalmente, de luxúria”. Para Tolstói, a arte é “um órgão espiritual da vida humana”, o que soa muito reconfortante. Só que a sua concepção do que é legitimamente espiritual mostra-se tão estreita que exclui não apenas os Damien Hirsts da vida, mas praticamente a maioria dos grandes artistas do mundo.Dentre a literatura da sua época, por exemplo, Tolstói parece ter aprovado alguns singelos contos e fábulas populares sobre camponeses, e não muito mais que isso. Abominava qualquer coisa que tocasse o mistério ou o simbolismo: Baudelaire (“egotismo cru erigido em teoria”) não passa no escrutínio, nem Verlaine (“licenciosidade frouxa”) ou Mallarmé (“desprovido de sentido”). Uma sonata de Beethoven para o piano “não é senão uma tentativa de arte malsucedida”, e a Nona Sinfonia é “sem dúvida alguma” um fracasso. Kipling e até Dante são igualmente reprovados, e assistir a Hamlet faz Tolstói contorcer-se. A arte, no seu ponto de vista, ou é uma serva que transmite algum tipo de pedagogia moral, ou está corrompida.
Para ler na íntegra acesse IFE

13 de abr. de 2020

O fuzilamento dos Romanov, a família real da Rússia

O agravamento da guerra civil na Rússia terá sido o principal motivo para a execução do czar Nicolau II e de toda a sua família, na Rússia, em 1918. Os bolcheviques queimaram depois os corpos e enterraram os restos em diversos locais.


Na noite de 17 para 18 de julho de 1918, o ex-Czar Nicolau II e a restante família Romanov, a família imperial russa, receberam ordens para descer à cave da casa onde se encontravam prisioneiros, sob pretexto de preparar o seu transporte para um local mais seguro. Em vez disso, depararam com um pelotão de execução, cujo comandante leu a seguinte ordem: “Nicolai Alexandrovich, devido ao facto de os teus familiares continuarem a atacar a Rússia Soviética, o Comité Executivo dos Urais decidiu levar a cabo a tua execução”.
Os guardas ergueram então as armas e dispararam sobre a figura de Nicolau e sobre a restante família, isto é, a czarina Alexandra e os cinco filhos. Devido ao barulho e ao fumo causado pelos disparos, o massacre foi completado com o uso de baionetas. Os corpos foram posteriormente transportados para uma região remota, separados e queimados para evitar a sua identificação, e finalmente enterrados em vários locais.
Para ler na íntegra acesse rtp ensina 

6 de abr. de 2020

O Plano Marshall

 Arquivos Nacionais dos EUA.


No campo de batalha ideológico da recuperação e remodelação da Europa, um plano foi desenvolvido entre os EUA e as nações europeias em 5 de junho de 1947.


O Plano Marshall, assim chamado por seu arquiteto, Secretário de Estado dos EUA, George C. Marshall, confirmou o novo papel dos Estados Unidos como anjo da guarda auto-nomeado do mundo ocidental, trazendo a nação mais forte e mais rica para o resgate econômico de uma Europa ainda devastada pela guerra, dois anos após a derrota aliada da Alemanha. 
O plano, oferecendo bilhões de dólares em ajuda sob a forma de doações e empréstimos, foi um reconhecimento por parte dos EUA de que havia subestimado a extensão dos danos causados ​​pela guerra na Europa. Mas também marcou um desenvolvimento crucial na política externa dos EUA no pós-guerra, que levou a sério a noção de que o comunismo deveria estar contido na crença de que Stalin havia embarcado em uma cruzada perigosa que colocava o mundo inteiro em risco de contaminação pelo Vermelho. perigo - medo do expansionismo soviético que dominaria as relações leste / oeste por mais de três décadas. 
Para ler na íntegra acesse history today